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Como lidar com a obesidade no consultório?

Especialistas discutiram novos tratamentos, cirurgia bariátrica e dietas durante o 78º. Congresso de Cardiologia da SBC

A mesa redonda “Obesidade no consultório do cardiologista: como lidar?” foi coordenada por Pedro Pimentel Filho, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Raul Dias dos Santos Filho,  professor associado da Faculdade de Medicina da USP e diretor da Unidade Clínica de Lipides do InCor. Três especialistas mostraram estudos discutiram medidas para reduzir o risco cardiovascular no paciente obeso.



Gilson Soares Feitosa Filho, Professor da Graduação e da Pós-Graduação da Escola Bahiana de Medicina, falou sobre o tema “Como abordar e identificar características clínicas”. Segundo ele, é preciso lançar mãos de múltiplas estratégias para o paciente entender a importância de se ter um peso normal. Mas nem sempre é fácil. “Precisamos reconhecer os gatilhos que muitas vezes são memórias afetivas ligadas às refeições”, disse ele.



Feitosa mostrou estudos que apontam que o obeso não consegue manter o peso por um longo período de tempo e isso é um grande desafio. O papel do cardiologista, no entanto, é monitorar os riscos e indicar os melhores caminhos. Segurança do exercício é um deles. “Se há sintomas como angina, dispneia, por exemplo, é preciso fazer um teste ergométrico antes de indicar qualquer exercício. Mas se há problemas como aterosclerose, diabetes, hipertensão, a caminhada é super indicada”, afirmou ele. 



Quando e como realizar a terapia farmacológica foi o tema do segundo palestrante, Andrei Carvalho Sposito, Professor Titular da Disciplina de Cardiologia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Ele afirmou que a obesidade é um desafio difícil, até maior do que a aterosclerose. Ele trouxe estudo Look Ahead, em que pacientes emagrecem e mudam o estilo de vida por até três anos, mas depois volta a engordar. “Esse período precisa ser mais longo. Mas há também uma resposta do hipotálamo para essa perda de peso (desencadeada pela preservação da vida) e o paciente volta a engordar”, disse ele. Sposito lembrou que até pouco tempo, só havia a sibutramina para ajudar na perda de peso, mas hoje há opções como a Bupropiona e Agonista de GLP-1.



Protásio Lemos da Luz – Professor Titular Sênior de Cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo foi o terceiro palestrante e coube a ele o tema Quando e como indicar a cirurgia bariátrica?” Assim como os outros especialistas, Protásio afirmou que a obesidade é um problema complicado e difícil de lidar. “Hoje, somente 31% dos brasileiros estão com peso adequado. Cerca de 36% estão com sobrepeso e 32% são obesos. Desses, 20% têm obesidade leve, 8% moderada e 4% mórbida. É um quadro semelhante ao dos Estados Unidos”, contou ele.



A indicação da bariátrica, entretanto, não é tão simples. “Um estudo sueco mostrou que em termos de perda de peso a bariátrica é eficiente por 20 anos. Mas o paciente deve ter consciência de que há uma mudança de vida, porque corta-se um pedaço do estômago e não tem volta. E existem alterações metabólicas e endócrinas importantes e efeitos colaterais decorrentes da perda de peso, tais como deficiência vitamínicas e nutricionais, osteoporose, obstrução intestinal, alteração da qualidade de vida, mudanças de hábitos, como ter de comer menos e várias vezes ao dia. Sem falar em alterações emocionais”, alertou ele.



 



Portanto, segundo o médico, antes de indicar a bariátrica, é importante ter certeza de que a pessoa tem condições de aceitar as consequências. “Mas acredito que a nova geração de medicamentos como a Semaglutida vai mudar o paradigma da obesidade. Não são isentos de efeitos colaterais e nem todo mundo tolera – sem falar nos custos. No entanto, estamos em uma nova fase. Acredito que o futuro nos reserva o caminho de drogas mais eficientes”, concluiu.



 



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